terça-feira, 15 de abril de 2008

Até a pé nós iremos....

LOJA DO BOCA JUNIORS (FRENTE AO ESTÁDIO)


INGRESSO DO JOGO



BUQUEBUS





ESTÁDIO: LA BAMBONERA



GRÊMIO X BOCA JUNIORS

Data e hora: 13/06/2007 às 21:45


Arbitro: Jorge Larrionda (Uruguai)



Em uma noite gelada, o meu time do coração começava a decidir a Taça Libertadores da América de 2007, com o famoso e tradicional clube argentino na cidade de Buenos Aires. Nossa viagem começou na terça de madrugada, resolvemos fazer a viagem de carro, devido ao apagão aéreo generalizado em nosso país. Embarquei nesta viagem emocionado devido ao fato de realizar um sonho antigo de conhecer um templo sagrado do futebol mundial, o clube do coração de pessoas famosas como Maradona, Tevez entre outros. Viajamos o dia inteiro, com pequenas paradas para se alimentar, paramos próximo a Pelotas, e mais adiante no Chuí onde almoçamos, e fomos providenciar a Carta Verde, documento que permite a entrada de veículos no território Uruguaio.


Ao cruzar o Uruguai, durante horas projetamos a escalação do time do Grêmio, qual a tática, esquema de jogo, sem desgrudar um segundo se quer dos longos e vastos campos uruguaios de minha janela na parte traseira direita do carro, uma estrada segura, interminável e mantendo o tempo inteiro lindos quadros com paisagens de gados saudáveis a se perder de vista nesta estrada pacífica.


Ao anoitecer chegamos na cidade de Colônia do Sacramento divisa com a Argentina, uma cidade a margem norte do Rio da Prata, cidade com uma arquitetura colonial portuguesa e espanhola, devido sua posição estratégica e rota de comércio, virou palco de lutas fronteiriças entre esses dois países, durante o século XVII, suas ruas estreitas de pedra é um convite ao passado, antigos lampiões, casas de pedras com telhados de barro e decorados com azulejos lusitanos.


Se alojamos em um hotel, para dar seguimento a nossa viagem. Ao amanhecer de quarta feira, me deparei com uma linda paisagem acinzentada contrastando com as lindas árvores da cidade num belo clima de outono, folhas secas ao chão, com diversas cores, no formato da linda bandeira do Canadá.


Rumamos em direção á alfandega portuária da cidade para comprar os tickets para a viagem á Buenos Aires em um navio chamado Buquebus, um navio futurístico de primeiro mundo, bela estrutura interna, mas sem acesso dos passageiros a parte externa do navio.
Para a nossa surpresa o navio já tinha partido, eles são rigorosos nos horários, resolvemos desbravar a cidade para matar tempo, somente á tarde teríamos uma nova saída, o clima começou a ficar tenso, pois se perdessemos o próximo ficaria impossível assitir a noite o jogo em Buenos Aires, acabei ficando frustado devido a idéia inicial de passar a tarde quarta feira já em solo argentino.



A travessia durou uma hora exatamente, a torcida do Grêmio estava em peso no navio, liguei o pen drive e fui escutando músicas do The Cure durante a travessia e pensando na minha Angela, que atravessava um dos grandes desafios da vida dela naquele dia.



Desembarcamos em Buenos Aires no final da tarde, clima gótico de inverno, tempo encoberto, pegamos um táxi em direção ao Hotel. Chegando lá mal acomodamos a mala, tomamos um banho e se dirigimos ao bar do hotel para tomar uma cerveja Quilmes e assitir as notícias sobre o jogo de logo mais.



Pouco depois tomamos um táxi até o estádio, logo o taxista foi avisando que nos deixaria próximo do La bambonera, minutos depois, ele falou para descer estávamos a seis quadras do estádio, fiquei surpreso com a decisão do taxista, mas acabei descendo com o pessoal, e apartir deste momento o sonho de conhecer o La Bombonera estava muito próximo.



Acredito que logo fomos descobertos pelos torcedores do time do Boca, primeiro por não estar vestido com as cores azuis e amarelo e segundo por não estar caminhando e cantando sem parar, o trânsito estava intenso. Ao chegar na frente do estádio ficamos deslumbrados com a altura desta obra. Logo procuramos ver o acesso para a torcida do Grêmio, o ponto curioso é que o La Bambonera é um bairro argentino o estádio fica cercado por muitas casas. As casas ao redor do estádio são pintadas nas cores do Boca transparecendo aos olhos dos visitantes uma "Amsterdã Sul Americana".



Quando adentramos o cercado para a torcida do Grêmio, me surpreendi com a polícia argentina, o cercado era de pelo menos quatro quadras em direção ao bairro. Me senti seguro, ao encontrar meus irmãos de sangue tricolor. Começamos a subir de escada ao terceiro andar do estádio, por sinal muito cansativo, com um agravante as paredes superiores com imensos vazamentos com certeza do banheiro do anfitrião onde o teor do vazamento era urina. A expectativa de chegar ao topo era imensa, meu coração estava palpitando muito rápido, ao chegar ficamos enfeitiçados com a estrutura do local, sentimos seguros quero dizer nas alturas, ficamos em pé, a torcida do Grêmio estava em peso lotava seus 6 mil lugares, a torcida adversária não estava lotada ainda, estava muito frio, cantamos o hino Rio Grandense antes da partida, e o nós cantamos parte do jogo: Tricolor, Tricolorrrrr, Tricolorrrr....

Hoje após analisar a derrota nossa por 3x0, confesso que fiquei muito frustrado na época, com a certeza que nosso terceiro título já havia se desintregado da alma tricolor, em contraponto, acredito que os torcedores do Grêmio ficaram enfeitiçados com a mística do La Bombonera o que acabou se alastrando para os jogadores do Grêmio que não conseguiram jogar, além é claro de um time espetacular liderado pelo grande Riquelme.
O retorno foi calmo e pensativo, uma trip inesquecível onde valeu cada momento, me sinto personagem não de uma página triste do tricolor, mas sim de um tempo único onde poucos vão desfrutar em suas vidas.
Vice Curtis











































































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